Funcef planeja zerar déficit até o fim de 2018, diz presidente

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Funcef acumulou sucessivos prejuízos nos últimos anos, até fechar 2016 com um déficit de R$ 12,5 bilhões.

O fundo de pensão dos funcionários da Caixa Econômica Federal, a Funcef, planeja zerar seu déficit até o fim de 2018, refletindo um misto de aumento da rentabilidade dos investimentos em ações, recuperação de perdas e ajustes técnicos, disse o presidente da entidade, Carlos Vieira.

“Queremos resolver a questão do déficit até 2019 para, a partir de então, passar a cuidar dos efeitos do equacionamento”, disse Vieira.

Terceiro maior fundo de pensão do país com R$ 61,75 bilhões em ativos, a Fundação dos Economiários Federais (Funcef) fechou o primeiro trimestre com um superávit de US$ 394 milhões. Os ativos do fundo tiveram rentabilidade de 3,01% no período, acima da meta atuarial de 1,59% no trimestre.

Esta foi apenas a quarta vez nos últimos 11 anos em que a Funcef superou no primeiro trimestre a meta atuarial, rentabilidade mínima necessária para que o fundo consiga pagar os benefícios de todos os participantes ao longo do tempo.

Um dos fundos de pensão mais atingidos pelos efeitos de um mix de investimentos fracassados e falhas de gestão, a Funcef acumulou sucessivos prejuízos nos últimos anos, até fechar 2016 com um déficit de R$ 12,5 bilhões. A maior parte do rombo foi registrada pelo fundo mais antigo, o Reg/Replan, de benefício definido, que responde por cerca de 80% dos ativos totais.

As perdas vieram de investimentos em ativos como a fabricante de plataformas para exploração de petróleo Sete Brasil, hoje em recuperação judicial, a hidrelétrica de Belo Monte e na produtora de celulose Eldorado, que pertencia ao grupo J&F até o ano passado.

Para equilibrar as contas, a gestão elevou o volume de contribuição de seus associados e reduziu a meta atuarial, o que facilita atingir a rentabilidade mínima exigida. Além disso, a instituição conseguiu recuperar parte de valores perdidos em meio a acordos com empresas e gestores contratados.

Somente a J&F, que vendeu no ano passado a Eldorado para o grupo holandês Paper Excellence, aceitou pagar R$ 1,02 bilhão à Funcef, valor computado no resultado do trimestre. A Funcef trabalha na esfera jurídica para tentar ser indenizada por perdas em outros investimentos.

Por fim, ajustes regulatórios deram aos fundos mais tempo para ajustarem eventuais perdas, o que permitiu à Funcef ficar menos pressionada em relação a investimentos em ativos que tiveram perdas elevadas nos últimos anos, como imobiliários.

“A gente estava com a faca no pescoço”, disse Vieira.

Como resultado desse conjunto, o déficit do fundo caiu para pouco mais de R% 2 bilhões no final de março. A meta agora é reduzir esse déficit até a virada do ano. Para atingir esse alvo, a gestão planeja obter retorno dos ativos de pelo menos 1 ponto percentual acima da meta atuarial de INPC mais 4,5%, hoje pouco mais de 7% ao ano.

Segundo Vieira, mesmo com as recentes perdas do mercado acionário, a Funcef deve conseguir atingir seus objetivos de rentabilidade. O investimento mais relevante do fundo em ações está em Vale, que tem subido nos últimos meses refletindo a alta dos preços das commodities.

Segundo o executivo, não há planos de venda rápida das ações da mineradora, mas que a saída do acordo de acionistas como parte do processo que levou a companhia ao Novo Mercado deixa a Funcef com maior liquidez para decidir quando necessário.

O fundo de pensão dos empregados da Caixa ainda seque discutindo o que fazer com seu investimento na Invepar, empresa de concessões de infraestutura da qual é sócia juntamente como os fundos Previ, do Banco do Brasil, e Petros, da Petrobras.

Uma negociação para venda integral do negócio ao Mubadala, empresa de investimento de Abu Dhabi, fracassou, o que fez os sócios abrirem conversas com outros interessados na Invepar, como a também concessionária de infraestrutura CCR.

Fonte: G1

Diretoria Executiva da CONTEC