Casa própria, política de alimentos, desenvolvimento, infraestrutura estariam ameaçados. Instituições são responsáveis pela maior parte do crédito imobiliário, agrícola e estão presentes em regiões do país onde o “mercado” não vê interesse de atuação
A Caixa é responsável por 66,8% do saldo de financiamento de imóveis no Brasil, incluindo o Minha Casa, Minha Vida. O BB financia 61,3% do crédito agrícola, dinheiro que vai do agronegócio à agricultura familiar. Dos empregos bancários no país, 42,1% estão nesses dois bancos, assim como 37,6% das agências bancárias e 40,5% do total de contas correntes. E não é por acaso, já que são eles os responsáveis pelo pagamento de uma série de programas sociais, atendimento aos trabalhadores, acesso a crédito com taxas mais baixas pelo Brasil afora, onde muitos outras instituições não se interessam em atuar.
“BB, Caixa, os bancos estaduais que ainda existem têm um papel primordial no Brasil e foram responsáveis por segurar a onda da economia durante o auge da crise internacional de 2008. Países que não têm bancos públicos fortes, ficaram muito mais vulneráveis”, lembra a secretária-geral do Sindicato, Ivone Silva.
Por isso, o movimento sindical bancário realiza na sexta-feira 10 um grande ato em defesa dessas instituições. Em São Paulo, o protesto será realizado na região da Avenida Paulista, esquina com a Rua Augusta, a partir das 9h.
“Sem bancos públicos e fortes, o sonho da casa própria estará ameaçado; a política de alimentos do país corre riscos, inclusive com aumento de preços aos consumidores; investimentos fundamentais para o desenvolvimento da nação estarão comprometidos; cada vez menos brasileiros terão acesso a atendimento bancário decente”, elenca a dirigente.
Desmonte – O ato tem como objetivo denunciar à população o que vem acontecendo com esses bancos desde que o Brasil passou às mãos de Michel Temer. Processos de reestruturação e programas de demissão de bancários devem extinguir cerca de 10 mil empregos tanto no BB como na Caixa até março. “Com menos trabalhadores à disposição dos clientes, a insatisfação pode fazer com que muitos usuários migrem para bancos privados. Será essa a real intenção por trás de todas as ações promovidas por esse governo contra as empresas públicas?”, questiona Ivone.
BNDES também na mira – Além de BB e Caixa e dos bancos estaduais como Banrisul, o BNDES também sofre com as investidas do governo Temer. O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social sofreu uma descapitalização de R$ 100 bilhões, que foram devolvidos ao Tesouro Nacional.
Desde 2008, o financiamento total do BNDES cresceu 76,2% em termos reais, chegando à casa dos R$ 601 bi em dezembro de 2016. Desse total, R$ 522 bi foram destinados ao investimento de empresas na economia brasileira.
“O BNDES teve papel fundamental para o acesso ao crédito que ajudou no crescimento do país nos últimos anos. Enfraquecer esses bancos é enfraquecer o Brasil”, protesta Ivone.
Fonte: SP Bancários