A crise política envolvendo o presidente Michel Temer desencadeada pela delação premiada de Joesley Batista, dono do frigorífico JBS, reduziu o horizonte de previsibilidade da economia e pode afetar o ritmo de retomada do crescimento do país, afirma o economista da Guide Investimentos, Ignacio Crespo Rey. (Téo Takar)
“Houve uma mudança brusca de cenário. Ninguém sabe quanto tempo Michel Temer vai resistir na Presidência, quem vai sucedêlo, se haverá eleição direta ou indireta”, afirma o especialista.
Reformas paralisadas
A primeira consequência desse clima de instabilidade é a paralisação das atividades que estavam na agenda do Congresso, entre elas a discussão das reformas trabalhista e da Previdência. O foco de deputados e senadores agora deve ficar concentrado na discussão sobre um possível sucessor de Temer para cumprir um mandato tampão até o fim de 2018, diz Rey.
Recuperação mais lenta
A avaliação é que a retomada da economia, de forma geral, tende a ficar mais lenta, pois os empresários devem ficar mais cautelosos antes de investir.
Desemprego continua alto
O desemprego alto também deve persistir por mais tempo, com a retomada mais lenta da economia. “O emprego é a última variável econômica a reagir. Essa crise política pode abortar a retomada do crescimento do país. E com isso, o desemprego se mantém alto”, afirma Rey.
O pesquisador de economia aplicada do Ibre/FGV, Marcel Balassiano, projetava que a taxa de desemprego, que hoje está em 13,7% da população economicamente ativa, poderia melhorar nos próximos meses, recuando para 12,4% no fim de 2017. “Agora, a tendência é que a recuperação seja ainda mais lenta em meio a essa incerteza.”
Inflação para de cair
A disparada do dólar pode pressionar os preços de diversos produtos, interrompendo a trajetória de queda da inflação.
Juros podem ficar elevados
Outra consequência importante para a economia deve ocorrer na postura do Banco Central com relação aos juros. “Provavelmente o BC vai monitorar esse cenário antes de decidir sobre um novo corte na taxa Selic”, afirma Rey.
Até quartafeira, antes do estouro do escândalo, a sinalização dada pelo presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, era de que o Comitê de Política Monetária (Copom) poderia optar por um corte de 1,25 ponto percentual na taxa básica de juros da economia, para 10,0% ao ano.
Agronegócio pode ser beneficiado
O economista da Guide avalia que o setor de agronegócio pode até se beneficiar desse cenário de turbulência. “É um setor que depende menos de investimento e tira proveito da taxa de câmbio mais alta.”
Fonte: UOL
Diretoria Executiva da CONTEC